A lavoura de café é um espaço mágico em que os passos pela terra são focados em construir histórias que se materializam na xícara. Cada processo é pensado de forma criteriosa, até porque, para plantar café, a paciência é uma característica primária na vida do produtor.
A lavoura de café carregada de frutos maduros (vermelhos ou amarelos) é uma das imagens mais bonitas do mundo, com pontos coloridos entre a folhagem verde. Porém, chegar a essa visão não é simples: café é uma cultura custosa. Para a primeira colheita dos frutos, o produtor de café especial pode esperar até 33 meses.
O cultivo de café nas lavouras
O cultivo de café começa antes mesmo do plantio de cada planta: as mudas são selecionadas e apenas aquelas com vitalidade, raízes extensas e vistosas são levadas para o cafezal. Inclusive, essa seleção é fundamental para a saúde de uma lavoura.
Aliás, a escolha é criteriosa, até porque o custo de implantação de lavoura de café é elevado. Aliás, tudo depende da forma como o produtor deseja realizar o cultivo.
Portanto, para entender o que é lavoura de café, é necessário saber profundamente sobre os critérios que envolvem cada etapa do ciclo cafeeiro. Tamanha é a complexidade que o distanciamento entre cada pé de café pode ser determinante para o plantio e calculado conforme as variedades de café escolhidas.
Os cafezais no Brasil
Esses detalhes fazem parte do resultado apreciado na xícara. Inclusive, os produtores brasileiros são tão especialistas em volume de produtividade que somos os maiores produtores de café do mundo.
Apesar da importância produtiva, o cultivo da lavoura de café no Brasil se iniciou apenas em 1921. O portal de entrada para os grãos foi o estado do Paraná. Em seguida, a rota cafeeira levou os frutos para outros estados brasileiros.
Nessa época, o cultivo no estado do Paraná era enorme, bem como o retorno financeiro de toda a cadeia cafeeira. Entretanto, depois das temidas Geadas Negras, quem trabalhava na lavoura de café não conseguiu retomar o trabalho.
O caminho encontrado pelos produtores das lavouras de café que sofreram com a praga das geadas foi buscar novos caminhos e diferentes culturas. Esse movimento foi fundamental para a idealização do cafezal das terras brasileiras.
O processo de colheita de café no Brasil
Assim, com dedicação de trabalhadores apaixonados e novas tecnologias, a lavoura do Brasil conquistou a relevância entre apreciadores do mundo. Contudo, não pense você que os processos da lavoura são simples, muito pelo contrário. A colheita, por exemplo, pode ser mecanizada ou manual.
No caso da mecânica, a máquina entra na lavoura para colher os frutos, e os frutos nem sempre estão totalmente maduros. Desse modo, há cafés verdes, boia e boinha (grãos que amadurecem no pé). Por outro lado, na colheita seletiva, o intuito é catar somente café maduro.
Na colheita manual, a concentração de açúcar é uniforme. Assim, no primeiro contato com o paladar, é possível apreciar completamente o aspecto sensorial do grão. A matéria-prima é incrível, e as chances de fazer um café muito bem pontuado são enormes.
Além disso, há o pós-colheita. Um destaque que influencia muito na bebida é a fermentação. Quando bem aplicada, ela potencializa os atributos sensoriais do café, que pode vir de diversas formas, como notas de vinho tinto, suco de limão, mexerica. Viu como é custoso cultivar café?
O cultivo especial na região da Mantiqueira de Minas
Desse modo, no universo do café especial, a prioridade é colher os frutos cerejas, e muitos produtores preferem fazer isso de forma totalmente manual. Um exemplo desse processo é a produção montanhosa da região da Mantiqueira de Minas feita por Luiz Paulo Pereira.
O microterroir da região entrega notas sensoriais vinhosas devido ao plantio nas altitudes, e as lembranças no paladar são de frutas roxas, como uva, goiaba e amora. A lavoura de café entre as montanhas é composta por variedades exóticas, como o plantio de Geisha realizado em floresta preservada.
O resultado de todo esse critério de plantio, manejo, colheita de frutos maduros e pós-colheita impecável fez dele o recordista do café mais pontuado do mundo. O café conquistou 95.85 pontos, pontuação que não foi superada por nenhum outro produtor do mundo.
O prestígio e o trabalho de Luiz Paulo e toda a família Pereira fizeram deles os grandes embaixadores do café especial do mundo. Aliás, no Japão, o nome de Luiz Paulo tem reconhecimento ligado à qualidade, já que ele é um dos grandes nomes da cafeicultura brasileira.