Leo Montesanto fala sobre conceito de empreendedorismo

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Leo Montesanto fala sobre conceitos de empreendedorismo e a história da Coffee ++

O fundador da Coffee ++, indústria de cafés especiais, tem como direcionamento três pilares: trabalho, exemplo e entrega. Inclusive, esses foram alguns dos conceitos que formaram a personalidade do empresário, que, por inúmeras vezes, tentou transitar em mercados distantes do café.

Porém a criação pelas lavouras e os aromas de café coado preparado pela avó formaram a paixão pelo negócio. As referências familiares, inclusive, moldaram toda a trajetória do Leo até aqui. O processo de construção de amor pelo café veio no DNA quando o avô, Aprigio Tavares, comprou a primeira saca de café em 1953.

Desde então, a história da família passou a ser construída pelos caminhos do café baseado em conceitos de empreendedorismo. Sendo que em 1984, o senhor Aprígio decidiu assumir um grande desafio e deu um salto enorme: o comando da massa falida da indústria de café 3 Corações. 

Para a empreitada, Ricardo Tavares (pai de Leo) foi o companheiro de trabalho de Aprígio. E assim, eles recuperaram a empresa e fizeram da marca uma das principais do país e, em 2002, a organização foi vendida para um grupo do exterior com conceito de empreendedorismo.

Os pilares de construção do conceito de empreendedorismo

Mas Ricardo não descansou e estruturou um novo negócio com o lançamento da Suco Mais. A partir dos pilares “trabalho, exemplo e entrega” o sucesso mais uma vez chegou. A marca ganhou força, até que chamou a atenção da Coca-Cola, que realizou a compra da marca.

Nesse meio tempo, ainda na década de 90, a família fundou o Grupo Montesanto Tavares. Assim, a família iniciou a idealização da holding brasileira que está presente em toda a cadeia produtiva do café. E em 2010, o Grupo iniciou o trabalho focado em cafés especiais com venda forte no exterior. 

Leo, em contrapartida, viveu uma “briga” com o café durante grande parte da vida e tentou trilhar uma trajetória longe dos grãos (e das “sombras” do pai e do avô). Foi assim que, aos 16 anos, iniciou o projeto empreendedor com um lava-jato. Já aos 19 anos, ele já tinha seu segundo negócio: uma transportadora. “Não queria trabalhar com café. Filho e neto de quem sou, como eu iria brilhar?” 

A decisão de começar do zero trouxe sacrifício. Tanto que com 21 anos, ele se mudou para Santos (o maior porto da América Latina) em busca de uma oportunidade. E ela veio, com muito suor. Mas a “briga” com o café não foi mais forte do que o amor de DNA. 

Leo Montesanto, fundador da Coffee ++ que completa 3 anos no dia 06.10.23

O resultado dos pilares: trabalho, exemplo e entrega

Assim, aos 27 anos, Léo mais uma vez colocou em prática o conceito de empreendedorismo se tornou um dos maiores transportadores de café do Brasil (com 100 caminhões e mais de 200 funcionários). Até que em 2015, ele foi convidado para assumir o cargo de CEO de Fazendas do Grupo Montesanto.

Leo realizou um choque de gestão nas propriedades do grupo. “Com a ajuda de uma equipe maravilhosa, realizamos um processo de colheita e pós-colheita criteriosos. O resultado veio três anos depois, em 2018, quando ganhamos o prêmio de Melhor Café do Brasil pelo Cup of Excellence e brindou o trabalho guiado com conceito de empreendedorismo.

A consagração veio com o título de Melhor Café do Mundo no mesmo ano. Sendo que no ano seguinte, ficamos em segundo lugar de Melhor Café do Brasil pelo Cup of Excellence”. Foi nesse ano também, durante a Semana Internacional do Café (que é realizada em Belo Horizonte, no Expominas). 

Leo percebeu que o brasileiro estava pronto para tomar café especial. As pessoas estavam interessadas em conteúdo, tinham dúvidas e queriam apreciar as notas sensoriais dos cafés. Então, ele saiu da feira, pediu demissão do Grupo Montesanto e criou a Coffee ++ — empresa brasileira com o propósito de deixar o café especial no Brasil, para os brasileiros.

O conceito de empreendedorismo e o nascimento da Coffee ++

Leo conta que o avô foi essencial em tudo isso. “Cresci com ele falando: ‘Um dia o brasileiro vai tomar o café tipo exportação’. E é exatamente isso que decidimos fazer com a Coffee ++. Mas não optamos apenas pelos cafés produzidos nas propriedades do grupo.

Quando me uni aos meus sócios (Pedro Brás e Rafa Terra), firmamos o compromisso de oferecer bebidas com notas sensoriais diferenciadas, produzidas por pessoas com pensamento especial e originárias de produções realizadas em diferentes regiões cafeeiras do Brasil. “

Café especial é uma relação de paixão e é feito de detalhes… e meu propósito com a Coffee ++ é mostrar histórias de pessoas especiais como o meu avô, meu pai e de todos os produtores brasileiros. Pessoas apaixonadas pelo café especial e que pensam especial. Com isso, o café vem de brinde.

A empresa que chegou ao mercado com conceito de empreendedorismo, propósito de oferecer ao brasileiro o café que sempre foi exportado cumpre a meta de disseminar conhecimento sobre o café especial brasileiro, completará três anos de mercado no dia 6 de outubro de 2023.

O legado construído a partir de conceito de empreendedorismo

A data do dia 06.10, inclusive, foi escolhida para o lançamento da Coffee ++ há três anos. O propósito bem definido e paixão de alma pela empresa alavancou a empresa que completa mais um ano de vida com a disseminação do café especial brasileiro para todo o Brasil. 

Conversamos com o Leo sobre o momento da Coffee ++ em busca de entender como o coração dele está com os preparativos do aniversário da nossa empresa. Acompanhe um trecho da entrevista aqui e o conteúdo completo você pode degustar lá no nosso blog.

Leo Montesanto

JOÃO, da Coffee Mais: Ei, Leo. Qual o sentimento de chegar até aqui. Você esperava que nossa empresa estaria tão bem vista no mercado?

LEO MONTESANTO: E vou te falar uma coisa, viu [risos] eu até esqueço que a Coffee ++ ainda é um “bebê”. A gente é acelerado demais e todos os dias eu sinto que estamos correndo uma maratona. Fazemos muita coisa. Para você ter ideia, neste ano eu já rodei o país inteiro. Viajei demais pelo Brasil. Eu tenho como propósito de vida #cafequizar o brasileiro. E isso é algo que meu avô plantou no coração, ainda quando eu era um menino.

Cresci escutando ele falar: “Eu sonho com o dia que o brasileiro vai tomar o café de qualidade, esse café que a gente exporta.” Então, você imagina como é saber que eu com um time muito F@d# estamos fazendo isso? Nossa, é impossível não ficar emocionado. Pensar a partir de conceito de empreendedorismo está no meu DNA.

JOÃO, da Coffee Mais: Leo, sei que ainda não podemos falar muito sobre o que estamos preparando para o aniversário, mas o meu papel é tentar tirar um “melzinho” da sua boca. Conta para nossos leitores aqui na news “Prosa & Café” só um pouquinho do que vem por aí… POR FAVOR [risos]

LEO MONTESANTO: Os meninos [os outros sócios da Coffee ++, Rafa, Pedrinho e Tiago] vão matar a gente [risos], mas vamos falar só um pouquinho. Consegui um café da Reserva da minha Família apenas aos clientes da Coffee ++. É uma variedade muito especial para nós, pois sempre foi a preferida do meu avô. 

Ele dizia que era docinha igual mel e o finalzinho do café lembrava mexerica. E é bem isso. Este café é um presente especial, uma edição extremamente limitada com apenas 700 garrafas numeradas da variedade exótica Bourbon Rosa. 

Agora vamos parar que já falei demais… [risos] Ah, e tem um tal de golden ticket aí. Será que o passaporte vai levar pra onde, hein?

João da Coffee Mais –  Mesmo estando no mercado há pouco, a empresa já alcançou um faturamento exponencial, superando estimativas iniciais. Isso mostra que os pilares de conceito de empreendedorismo foram fundamentados. Ao que você credita este número surpreendente? Como a pandemia pode ter influenciado neste cenário?

Leo Montesanto: Criamos a marca para fazer com que o brasileiro tome o café que ele merece, ou seja, aquele que ao longo dos últimos anos era apenas exportado e não era disponibilizado para os brasileiros. Por eu trabalhar e ter nascido neste meio e por acompanhar tão de perto este mercado e ter conceito de empreendedorismo no meu caminho.

Percebi a crescente demanda das pessoas por um café de qualidade, e foi com esse propósito de democratizar o café superespecial aqui no Brasil, que a Coffee ++ nasceu. Conseguimos levar diferentes formatos e oferecer uma ampla variedade para que o consumidor possa ter a experiência em diferentes locais e de diversas maneiras de acordo com a sua preferência. 

O Brasil é hoje responsável por produzir e fornecer para o mundo todo o café de maior qualidade, sendo que muito pouco dele fica aqui no nosso país, e é isso que temos buscado fazer em Coffee ++.  Acreditamos inclusive, que é por isso que conseguimos ter um retorno tão positivo neste pouco tempo de empresa, pois as pessoas embarcaram com a gente nesse sonho e tem conhecido o que é café de verdade. 

Nós nascemos no e-commerce e a nossa decisão de negócio não foi influenciada pela  pandemia. A nossa intenção foi priorizar a comercialização on-line e, dessa forma, oferecer preços mais justos. Realizamos pesquisas qualitativas e percebemos que a compra dentro das plataformas sociais estava em movimento crescente.

Então, nada mais natural do que começarmos ali também. Além disso, durante o home office, as pessoas passaram a ter mais tempo para se dedicar e conhecer novos hobbies, alimentos e principalmente a ter mais tempo para apreciar os momentos de relaxamento/pausa. Inclusive apreciar aquele cafézinho da tarde, formas de preparo e a busca de conhecimento sobre o universo cafeeiro. 

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João da Coffee da Mais – O mercado de cafés especiais tem crescido de forma consolidada nos últimos anos no Brasil, mas ainda se trata de algo nichado e com hábito de consumo muito específico entre seus apreciadores. Na sua opinião, qual o maior desafio para que o consumo tenha maior penetração no dia a dia dos brasileiros?

R: Primeiramente, acho que temos que democratizar esse consumo. Isso significa que não precisamos estabelecer protocolos para apreciar o café acima de 84 pontos. Por isso, defendemos que isso seja feito da forma que a pessoa quiser, seja no copo lagoinha, caneca de porcelana ou copo Stanley [risos]. O importante é a pessoa ser feliz com o café.

Acredito que o nosso maior desafio seja a difusão sobre o assunto de cafés superespeciais, já que é um mercado recente no Brasil, mas que hoje já está ganhando bastante espaço. Tanto que no nosso DNA, defendemos o compartilhamento de conhecimento, já que todos nós, sócios da Coffee ++, têm herança nas lavouras e experimentos. Em 2017, o mercado de cafés especiais representava apenas 2,8% do mercado total da bebida. Já agora, em 2021, este número já subiu para 5,1%, o que representa uma crescente significativa.

Como já mencionei, nascemos com esse objetivo, de democratizar o café superespecial e me dá muita satisfação ver esse mercado crescer e encontrar as pessoas na rua dizendo que hoje sabem o que é um café de verdade, que entendem um pouco mais sobre a bebida e que não abrem mão de um café de qualidade. Eu acredito que esse seja hoje o nosso maior desafio, mostrar que um café de altíssima qualidade pode ser degustado de maneira descomplicada.

João da Coffee da Mais – Por muito tempo os cafés especiais foram vistos como uma “modinha” ou espécie de “gourmetização” do mercado, mas agora, definitivamente, o consumidor adotou o hábito, compreende seus diferenciais, e busca por cada vez mais informações e experiências em cafés. Qual você considera ter sido o principal fator para essa mudança no comportamento do consumidor? O movimento de cafés em cápsulas ajudou a difundir o conceito dos produtos?

Leo Montesanto: Passamos por algumas ondas do café, a primeira é caracterizada pela produção em massa da bebida, ou seja, virou um item básico para se ter dentro de casa. Já a segunda onda, veio quando o café foi parar em grandes cafeterias e vieram com algumas variações, como cappuccinos, frapuccinos e etc.

E agora, chegamos na terceira onda, em que as pessoas têm buscado mais qualidade na hora de beber o seu café preferido. Este é um mercado em ascensão que tende a ganhar cada vez mais espaço na medida que vamos falando mais sobre ele e entendendo sobre sua qualidade. Depois que você é ‘cafequizado’, que é um termo que criamos na Coffee ++, você não consegue mais beber o café que estava acostumado, costumo dizer que “Paladar não retrocede”. 

Com certeza com a chegada das cápsulas, muita gente que, antes não tomava café, passou a tomar, pois é uma forma mais fácil de se preparar no dia a dia, no meio de uma reunião e ter sempre aquele cafézinho fresco. Porém, hoje possuímos outros formatos que vão além de apenas cápsulas, já que entendemos que muitas pessoas apreciadoras de café preferiam aquele coado e não o espresso.

Com isso, passamos a oferecer o drip coffee, um coador para xícara individual que também é tão prático quanto às cápsulas. Essa foi mais uma forma de democratizar o café e proporcionar aos nossos consumidores mais uma opção de consumo. 

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João da Coffee Mais – O crescimento do mercado de cafés especiais tem proporcionado um grande volume de oportunidades de negócios para muitas empresas, fazendo muitas vezes que produtos não tão qualificados cheguem às prateleiras utilizando-se de posicionamento “premium” ou “gourmet”, o que por muitas vezes confunde o consumidor iniciante no mercado. Quais as principais características para o consumidor reconhecer um café especial?

Leo Montesanto – Em resumo, toda essa condução de avaliação surge com linearidade guiada pelo formulário criado pela Speciality Coffee Association (SCA) e segue alguns critérios. Primeiramente, a avaliação se inicia por fragrância e aroma. Em seguida, surge o gosto na boca. 

Depois, vem a uniformidade. O jurado prova o café em cinco xícaras, e todas elas precisam ser I-D-Ê-N-T-I-C-A-S. Esse café também não pode ter defeitos na bebida (simplesmente, bebida com gosto ruim, como gosto de café).  A densidade da doçura e o sabor também são critérios de pontuação. Em síntese, é como se houvesse a avaliação de um sabor tipo de melaço de cana. A acidez é o aspecto de salivação que fica na sua boca. 

A finalização é outro critério que aparece no formulário da SCA. Isto é, como fica o gosto na sua boca depois que você cospe o café? Finalmente, depois que as cinco pessoas avaliam e falam as notas. 

Logo após, ocorre a média das opiniões da mesa. Assim, a nota de um café especial é cravada. 

Por isso, falamos no mundo do café que a distância de um café de 80 para 84 pontos é como uma viagem por uma ponte Rio-Niterói, por exemplo. Hoje, a Coffee ++ possui hoje em seu portfólio fixo cafés de três fazendas campeãs do “Cup Of Excellence”, maior campeonato de qualidade para produtores de café do mundo. 

E os cafés gourmets não têm pontuação mínima, mas, sim, um critério mais elevado de produção. Mas em termos de aspectos sensoriais esses cafés não tem potencialidade alguma e isso fica claro direto no paladar. Quer entender mais sobre isso? Tome um pouco do café gourmet ou premium e, em seguida, beba água e experimente nossos café acima de 84 pontos. Você entenderá o que estou falando!

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João da Coffee Mais –  Na sua opinião, hoje em dia, o consumidor já consegue reconhecer o valor agregado e diferenciais que validam seu preço mais acentuado em comparação com os produtos convencionais do supermercado?

Leo Montesanto – O movimento de consumo do brasileiro em relação à valorização do que é produzido por nós tem crescido e isso é um fato. Estamos vivendo uma crescente, e saber da rastreabilidade dos produtos se tornou uma prioridade para muitas pessoas.

Assim como ocorre no vinho, em que as uvas entregam uma particularidade de bebida, no café especial cada variedade (Geisha, Bourbon amarelo, Mundo Novo, por exemplo) oferece uma vivência. O terroir também tem ligação no resultado da bebida e as pessoas envolvidas na cadeia são essenciais para toda a experiência sensorial na xícara. E o consumidor tem valorizado isso.

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