Areia branca, mar azul espelhado e ondas gigantes são as associações primárias (e quase generalistas) ao Havaí. Mas não se preocupe se o seu caminho mental foi pela obviedade, até porque é o turismo que representa grande parte da economia do arquipélago que integra os Estados Unidos.
Mas nem só de surf e windsurf sobrevive um dos lugares mais bonitos do mundo. Café por lá é uma engrenagem (mesmo com altos e baixos) importante que faz parte de toda a história da ilha e de toda a cadeia produtiva do mundo.
Entre as plantas, para muitos, a variedade Kona tem o predomínio da Typica levada da Guatemala. No entanto, relatos mostram caminhos distintos para as árvores que cresceram no país. A Universidade do Havaí, por exemplo, recomenda o plantio do Typica da Guatemala por considerar uma sinergia maior com a região.
Contudo, mesmo com essas árvores com maior domínio na lavouras, existem fontes genéticas (e sabores) variadas nas lavouras locais. Para alguns pesquisadores, essa diversidade de plantas vieram como forma de enriquecer os cafés da região.
Os altos e baixos do café havaniano
As controvérsias quanto à pompa dada às plantas originárias da Guatemala são muitos e passam pelo Brasil. Isso mesmo. Os grãos brasileiros de Typica foram levados ao Havaí em 1825. Tudo sem muito planejamento. Até porque, a intenção do ministro e missionário congregacionalista, Samuel Ruggles, era florear o jardim da sua igreja.
Só que cafés brasileiros gostaram de toda aquela beleza e renderam bem mais do esperado. Mas a história de que o café da Guatemala era superior disseminou por lá e, em 1982, os grãos passaram a ser cultivados com predominância pelos cafeicultores.
Tudo caminhava bem, os cafés com boa produtividade e bem quistos no mercado. Até que em 1899, uma queda de preços no mundo fez com o que o cultivo quase desaparecesse na ilha. Aí veio a Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, que rendeu reflexos positivos para o consumo de café. O mundo passou a tomar mais café (até por tudo que acontecia no globo) e as lavouras havaianas voltaram a ganhar evidência.
Nessa época também houve uma geada forte no Brasil e muita destruição. Assim, como o nosso país já era um dos principais mercados do mundo, o sofrimento com safras destruídas foram intensos. Dessa forma, outros locais passaram a assumir protagonismo e relevância no mercado. Então, o café havaiano voltou para o jogo.
Mas calma que os tombos não acabaram. Uma nova barreira foi encontrada por produtores, em 1929. Tudo pela queda nos valores de café que rendeu baixa na produção dos grãos.
Entretanto, a resistência do café havaiano seguiu forte e as compras de cafés pelo exército americano, depois da entrada na Segunda Guerra Mundial, ajudou em todo o processo de retomada. E mais uma vez o Brasil cruzou o caminho dos produtores da ilha: as geadas, em 1953, contribuíram para o impulso e fortalecimento da produção do Havaí.
De lá em diante caminhou bem. Safra com preço justo, crescimento astronômico e sorrisos radiantes por toda a década de 60. Apesar de tudo parecer ter ganhado rumo, em 1970, um queda de braço travada com o segmento do turismo foi perdida pela agricultura de café. A “briga” resultou em falta de mão de obra nas lavouras e os dias ruins voltaram a ser condicionantes.
Estamos aqui falando de um povo persistente, né? Então, em 1980, uma turma dedicada pegou todo o cultivo de café pelas rédeas e elevou o café de Kona a grandes patamares, no mundo dos cafés superespeciais. Trabalho custoso, porém muito valorizado em todo mundo, com respaldo na boca.