A década de 1930 poderia facilmente ser marcada como um dos pontos altos da vida do produtor Don Fernando Alberto Pacas Figueroa. Exagero? Responda você. Imagine ele tranquilamente caminhando pela fazenda da família, San Rafael. Localizada na região do vulcão Ilamatepec (Santa Ana), em El Salvador, a propriedade já contava com plantações de café e, num desses passeios, ele percebeu alguns pés de café bem diferentes do que era produzido na fazenda.
Impressionado com tudo aquilo, Don Fernando não duvidou do potencial da natureza. Colheu as sementes e criou um viveiro de ¾ de hectares com o grão, que ele não sabia muito bem como seria o resultado na xícara.
Misteriosa, a nova planta crescida na terra de Don Fernando tinha muita singularidade com o San Ramo Bourbon (um café híbrido famoso naquela época). Contudo, algumas diferenças nela chamavam atenção para um café que parecia ser uma resposta pelo amor com que o produtor cuidava da terra.
A produtividade alta era mais intensa do que as outras variedades da fazenda. Desse modo, Don Fernando entendeu que estava diante de um café que o mundo ainda não conhecia. Mas como apresentar aquele grão misterioso aos apreciadores do café e todas as singularidades que a bebida pudesse entregar?
A ajuda veio de fora, e um professor da Universidade da Flórida foi convidado para guiar o produtor. A proposta foi a de plantar as duas sementes do tal café e mais duas do consolidado San Ramon Bourbon. Assim, depois que a planta prosperasse frutos, seria mais fácil entender quais as principais diferenças.
Após crescerem, as árvores foram enviadas para a Universidade da Flórida; e logo todo aquele mistério foi revelado: a área de San Rafael havia apresentado uma nova variedade de café ao mundo, com tamanho maior e produtividade muito atraente.O nome de batismo não poderia ser diferente. Por isso, a família recebeu a justa homenagem e passou a ter o sobrenome estampado na árvore genealógica do café. Hoje, o Pacas produz em diferentes ambientes, entrega muita qualidade na bebida e acabou se tornando popular em El Salvador – tanto que representa cerca de 25% da produção no país – e também em Honduras, com a linha de qualidade padrão dos cafés da América Central.