“Pequena Suíça” africana. É assim (e sem exageros no uso da expressão) que Ruanda apresenta os caminhos montanhosos, exuberância da natureza e um café que, nas últimas décadas, ganhou o respeito do mundo. E não era para menos.
A altitude variante entre 1,5 mil e 2 mil metros acima do nível do mar, o solo vulcânico, a temperatura amena e as chuvas constantes nas estações determinantes fazem parte de um processo natural que entrega extrema qualidade à bebida. Aliado a tudo isso, o critério carinhoso de pequenos produtores no cultivo e em todo o processo de pós-colheita é um dos pontos primários do sucesso desse café.
O cultivo na “terra das mil colinas” se iniciou em 1904, pelas mãos de missionários alemães que trouxeram a variedade Bourbon da Guatemala para a pequena vila de Mibirizi, Região Oeste de Ruanda. Foi assim que essa variedade recebeu o nome de Mibirizi. O sabor de suco de limão surge marcante na bebida; e o corpo se iguala muito ao antigo Bourbon da Guatemala, assim como a acidez e a complexidade similares ao café Bourbon.
Mesmo sem a tradição cafeeira de países como Quênia e Tanzânia, a união dos microclimas e o cuidado no cultivo de cada planta renderam ótimas avaliações de especialistas, além de um incentivo de caminhada para produtores próximos, como Uganda e Congo.
O triste genocídio de Ruanda
O genocídio de Ruanda, que ocorreu em 1994, foi responsável por derrubar a produtividade no país, quando 800 mil pessoas foram mortas em 100 dias. Contudo, os investimentos da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) em pós-colheita têm reforçado os aspectos sensoriais dos cafés ruandeses. E, no ano de 2008, Ruanda se tornou o primeiro país africano a sediar uma edição do Cup of Excellence.